PRIMOS BRIGUENTOS

Não me agrada escrever sobre Guerras. Gostaria mesmo que inexistissem, sendo eu pacifista, não só na esfera internacional e militar, como pessoal.

Na minha concepção, guerra é a batalha do dia a dia; o enfrentamento das dificuldades que a vida me apresenta, ou briga pelo sucesso das demandas que patrocine. Ou seja, nada de mortos e feridos. Mas, como guerras existem, delas não posso fugir. E a mais nova envolve árabes do movimento Hamas/Gaza, e judeus de Israel.

Ambos os povos têm ancestralidade comum, origem semita, são da mesma região, e com idêntica família linguística. Poderiam até ser irmãos. Mas de primos é que são tratados. Nunca deveriam entrar em Guerra.

Pois bem, desde quando o Estado de Israel foi constituído, com o território atualmente ocupado como seu, o enfrentamento pelos árabes passou a ser ofensivo e real.

Sessão da Assembleia Geral da ONU, em11demaio de 1.948, declarou a constituição do Estado de Israel, assegurando-lhe estrutura jurídica de república e domínio territorial em parte da Terra Santa.

Observo que a Assembleia foi presidida por Oswaldo Aranha, culto homem de confiança de Getúlio Vargas, desde a revolução de 1.930, que se destacou na diplomacia e na política.

Penso que minha admiração por Israel e seu povo– e nada tenho contra os árabes – tem a ver com a participação brasileira na História Israelita, como também porque o Estado de Israel é apenas três dias mais novo do que eu.

Mas também porque sua História me parece mais difundida, com tristes acontecimentos, como na Segunda Guerra Mundial (campos de extermínio), expulsões da Espanha e Portugal (no século XVI), a exigir que se mudassem constantemente de um lado para outro. E se dispersassem pelo mundo. E de muitas perseguições, bem conhecidas, ou não.

E o Estado Judeu organizou-se e cresceu de tal forma que é hoje dos países mais desenvolvidos, em termos de industrialização e de agricultura. Para inveja dos brasileiros incompetentes (que se resignam-se com a seca nordestina e aridez de seu solo), conseguiu transformar deserto em terra agricultável e produtiva.

Depois de tantas batalhas pequenas e guerras bem definidas, seguiu-se um tempo de paz; mas eis que a Guerra atual tem começo, por iniciativa árabe, sem dúvidas.

O que me assusta é que, dispondo de forças armadas tidas como poderosas e insuperáveis, Israel deixou-se surpreender pela invasão dos árabes do Hamas, da faixa de Gaza, causando mortes a centenas de civis, inclusive mulheres e crianças. E capturados duzentos reféns.

Não consigo vislumbrar o que poderia justificar tal ataque, em clima de bandidagem, no dia sete de outubro. Sim, porque soldados não cometem os crimes de guerra que se mostraram incontestes.

Suponho que os invasores, que justificam a ação israelita de legítima defesa, tenham bem avaliado as consequências do ataque criminoso. Não poderiam ter agido sem contar com a reação do poderoso exército de Israel.

Pois bem, instaurada a guerra que, necessariamente, implica na invasão da faixa de Gaza, quem mais vai sofrer, se não a população do território invadido, que não é totalmente militantes do Hamas? Estes estão entre a população civil. Há depósitos de armas e munições — pelo que diz a imprensa – em residências e mesquitas.

O ataque a tais lugares significa a morte dos moradores e vizinhos. Militantes do Hamas não usam farda. Daí que os soldados de Israel acabam atingindo quem encontram. E no território densamente povoado, não há como bombas não atingir ampla região.

Espero que o pior não venha acontecer, e que a guerra chegue logo ao fim. Oro para que isto (invasão total da Faixa de Gaza) não aconteça. Especialmente porque a população civil – há muitos habitantes que não militam no Hamas — é quem mais sofrerá. Como sempre, aliás.

O autor é Advogado militante na Comarca de Rio Claro (OAB/SP 25.686) e Desembargador Aposentado (TJ/SP).

E-MAIL: oliveiraprado@aasp.org.br

Publicado no Jornal “Cidade ” em 02/11/2023 (Página 2).

 

 

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