O PARTIDÃO II

Tenho que meu artigo sobre o Partido Comunista do Brasil, o chamado Partidão (Publicado no Cidade de 05.10.17, pág. 2) foi o de maior repercussão entre os meus poucos leitores.

Dois deles merecem destaque e referência ao que me disseram.

Um Confrade Vicentino me falou que, ao tempo de sua catequese (anos 60), ouvia determinado Padre afirmar o que deixava a todos assustados. Dizia o Sacerdote, confirmando a aversão da Igreja Católica pelo Partido (coisas do satanás) que o martelo do emblema era para destruir os templos católicos, e a foice para cortar as cabeças dos padres. Ainda bem que nos dias de hoje, ao menos publicamente, isto não falam.

Outro leitor, o caríssimo Doutor José Eduardo Leite, além de manifestar seu apoio pelo artigo (que lhe trouxe recordação da militância de sua juventude), fez revelação de fato com quase nenhum conhecimento dos rio-clarenses.

Disse Dr. Eduardo Leite, por telefone, e logo de manhã da 5ª feira em que o artigo foi publicado, que Jorge Amado, quando o Partido Comunista foi declarado ilegal, e seus Deputados e o Senador Luiz Carlos Prestes tiveram seus mandatos cassados, esteve foragido em Rio Claro, quando os policiais pretendiam caçá-lo. Isto em 1947.

O celebre escritor ficou hospedado no quarto 8 do Hotel da Estação, escondido, por alguns dias, até que companheiros do partido conseguissem seu asilo na França ou noutro país Europeu.

Jovem militante, Eduardo Leite, assim como o Dr. Djalma Outeiro Pinto, ainda não conhecidos pelos agentes repressores, eram os encarregados de levar a Jorge Amado o complemento da singela alimentação servida no Hotel da Estação. Estabelecimento que ainda existe, na avenida um, lado ímpar, esquina da rua um, bem defronte a antiga estação da Cia. Paulista de Estradas de Ferro.

Quem sabe ainda o povo de Rio Claro e os filhos e netos dos heroicos comunistas de então, ainda coloquem placa na porta do esconderijo rioclarense do aclamado escritor baiano.

Esses comunistas a que me refiro eram todos homens honestos, valorosos e idealistas. Vá lá que seus ideais não fossem, nem sejam ainda, o que todos admiram. Ou então repugnam, como eu.

Mas o que ninguém pede negar é que homem idealista tem valor acima dos que nenhum ideal possuem.

Faço homenagem aqui e agora para os saudosos Manoel Augusto, Antonio Cesar, Antonio Aros, Herzílio Coriguazi Pereira Junior, Cesário Mantezello, Antonio Fabris, Virgílio Lorenzetti, Antonio de Almeida Rosa, Wilson Petenucci, e outros que não me lembro. Sobretudo porque sofreram perseguição pela Ditadura Militar, em 1964.

 

 

Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO

Desembargador Aposentado (TJ/SP).

Advogado militante nesta Comarca.

e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 01/02/2018, Jornal Cidade, Página 02.

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