LUIZ COUTO

Em março de 1966, mais ou menos, estava eu na Rua Um, esquina da Avenida 8, bem perto da linha da Paulista, no aguardo de minha condução para a Granja Arbor Acres, que ficava onde hoje é o Condomínio Club Home, defronte para a Rodovia Washington Luiz, no KM 176, sem endereço mais preciso naquele tempo.

O transporte à Arbor Acres era sobre a carroceria de uma Caminhonete Ford F350, ou numa Kombi 62, conforme a sorte nos contemplava.

Eu estava despedido (sem justa causa), cumprindo aviso prévio, e já preocupado com a perspectiva de desemprego, que não era tanto, na época.

Então um senhor que, depois vim a saber trata-se de Luiz Couto, dirigindo uma Kombi não muito nova, parou no local (Ponto) e falou rapidamente comigo.

Indagou sobre meu interesse em prestar serviços ao CIESP Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, cuja Delegacia estava sediada na Avenida Um, nº 496, Centro, em prédio do saudoso Augustinho Kudsen, famoso fotógrafo, que era vizinho. Na parte da frente ficava o Consultório Dentário do Dr. Machado Luz, grande profissional e pescador inveterado.

Luiz Couto era Vice-Delegado do CIESP, em exercício, em face da ausência do titular, senhor Benjamin Ferreira, em viagem demorada à Terrinha Lusitana, de onde era originário.

Fui admitido após testes no Departamento Pessoal, na sede do CIESP, e também da FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, no Viaduto Dona Paulina, 80 em São Paulo, Palácio Mauá. Anos depois, ali foi instalado o Fórum Criminal da Justiça Paulista, onde judiquei por alguns meses, em 84 / 85. Hoje, no local, estão instaladas as Varas da Fazenda Pública Estadual.

O certo é que, por aproximadamente dois anos, prestei serviços à Delegacia do CIESP, com Luiz Couto, e também com Emilio Beltrati, Emilio Cerri Jr., e outros importantes industriais.

Minha tarefa era, basicamente, redigir atas das reuniões, organizar e redigir as correspondências, cobrar as mensalidades dos associados e prestar informações que me fossem solicitadas, se da minha alçada. Também fiz algum servicinho para a Sociedade Amigos da Cidade e Associação dos Engenheiros de Rio Claro, com sede provisória no mesmo local.

Foi um período muito agradável. Couto era chefe exigente, mas amigo. Dentre outras provas de amizade, foi ele, com seu cunhado Buby Kristensen, quem me apresentou para ser associado do Ginástico.

Esta contratação a que me refiro, nada teria de extraordinária, não fosse eu pessoa desconhecida de Luiz Couto. Ao menos eu não me recordo de tê-lo visto antes. Dele nem ouvido falar.

Algum tempo depois do Golpe de 1964, meu pai ainda estava afastado de seu trabalho na Cia. Paulista de Estradas de Ferro, respondendo inquérito para apuração de falta grave (prática de supostos atos subversivos), onde saiu-se vencedor. Mas isto, ao par de sua prisão por razões políticas em abril/1964, não impediu minha contratação.

Para citar como esta questão (cadeia para o velho Irineu e afastamento do trabalho) tanto impressionava o povo em geral, lembro que na época, uma namoradinha (hoje muito feia) despediu-me sem justa causa, na linguagem trabalhista.

Mas para Couto isto não teve importância. Da minha parte, suponho que correspondi à sua confiança. Trabalhei com êle até que, por um associado do CIESP, foi-me oferecida uma oportunidade irrecusável, no que fui aconselhado a aceitar, por Luiz Couto. Isto em dezembro/68.

Infelizmente, não o vejo com a frequência que gostaria. Mas sempre que o encontro, não me esqueço do quanto confiou em mim. Quiçá sem que eu pudesse retribuir ou merecer.

Rogo sempre ao Senhor que abençoe Luiz Couto, credor permanente de minha admiração e apreço.

Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO

Desembargador Aposentado (TJ/SP).

Advogado militante nesta Comarca.

e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 04/01/2018, Jornal Cidade, Página 02.

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2 Resultados

  1. Ester Teixeira disse:

    Mto bom seu artigo. Bom relembrar o passado qdo as histórias são boas. Parabéns.

  2. Ester Teixeira disse:

    Mto bom seu artigo, parabéns

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