VIVOS SÓ OS DOIS PADRES

Tenho grande admiração e respeito pelo Padre Jocelir Viziolli, por muito tempo pároco na Paróquia do Espírito Santo (no Guanabara), com grande carisma e entusiasmo pouco comum no clero católico. Construiu igrejas, capelas, salões paroquiais e outras obras civis. Praticou e incentivou a caridade vezes sem conta. Portador de conhecida liderança, reunia em suas celebrações milhares de fiéis, em número que jamais será igualado em Rio Claro.

Por razões pouco esclarecidas, foi afastado de suas funções locais, e após ter pastoreado no interior do Paraná, afastou-se da Igreja Católica Romana, e hoje é Pároco da Igreja Católica Brasileira, no Santuário de Nossa Senhora do Caravaggio, na antiga Chácara Banespinha, da AFINSC – Associação dos Filhos de Nossa Senhora do Caravaggio (estrada velha de Ipeúna, rumo do Bonsucesso). Quase todos os que freqüentam este Santuário, também frequentavam as celebrações na Paróquia do Espírito Santo.

Com o Pe. Jocelir, e mais um grupo de dedicados voluntários, cheguei a fundar e operar, sempre com seu incentivo, o Instituto Espírito Santo, com Escola de Informática e Cidadania, e Biblioteca, no salão paroquial da Paróquia do Espírito Santo, no Guanabara. Atividades que o novo pároco não mais permitiu.

Evidentemente, não me cabe questionar a decisão da Igreja Romana, à qual permaneço como o mais humilde dos fiéis, mas continuo querendo bem ao Padre Jocelir. A quem, inclusive, já prestei serviços profissionais, e também para seus paroquianos (sempre pro Bono, é claro).

Mas o que me leva ao título deste modesto artigo é uma viagem que – há pelo menos 10 anos – fiz em companhia de Padre Jocelir, em visita a seus familiares, na cidade de Vanini, no Rio Grande do Sul.

Visitamos parentes e amigos seus, em diversas cidades da região, cidades turísticas, o Santuário Nacional de Nossa Senhora de Caravaggio em Farroupilha. E por todos os visitados, foi-nos oferecido o tal de chimarrão, que nunca provei tanto, nem provarei. Os gaúchos que me perdoem, mas não consigo entender porque gostam muitíssimo dessa bebida.

Na casa da família do padre Jocelir, em pequeno sítio, ficamos uns dois ou três dias. Sempre com muita conversa e bastante comida.

Na casa, modesta mas acolhedora, moravam um irmão mais jovem e a senhora mãe dele.

Este irmão cuidava da propriedade (leite, frutas, etc.) e era professor na escola pública da cidade. Muito apaixonado por política, parecendo-me até petista (no que nada tenho contra) e, logo no primeiro dia passamos a chamá-lo de Deputado, tanto a sua argumentação política.

Numa certa tarde foi-me mostrada, na parede da sala, uma foto com os pais e todos os doze filhos do casal. Estávamos eu, padre Jocelir, seu irmão, e a velha mãe de ambos.

Vendo a foto, perguntei se todos eram vivos. Ao que o irmão e Deputado, atalhando, foi logo dizendo: “Vivos só os dois que são padres. Os demais trabalham.”

O mais velho dos irmãos também é padre.

É claro que não concordo com o afirmado, mas isto nos valeu boas risadas.

Manifestações e depredações. Não posso deixar de destinar algumas palavras sobre estes fatos. Realmente é democrático que o povo venha às ruas, discordar do Governo. A meu ver, nada há demais em destinar alguns xingamentos aos nossos governantes. Até que merecem. Não posso concordar, evidentemente, com as depredações feitas junto com as manifestações. É caso de polícia que, na minha opinião, tem sido até tolerante. De cara escondida, e quebrando tudo que pode, quem faz isto é bandido. Deve ser preso e processado. Danificar bem público (ônibus, sinais de trânsito, postes, etc.) ou particular (carros, vitrines, etc.) não melhora nada, não reforça o protesto e só causa prejuízos.

 

Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO

Desembargador Aposentado (TJ/SP)

Advogado militante nesta Comarca

e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

 

 

Publicado em 04/05/2017, Jornal Cidade, Página 02.

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1 Resultado

  1. Analu disse:

    Sempre emocionante.

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