ADHEMAR DE BARROS & DOUTOR RUY
Esta eu ouvi, há bem uns 15 anos, na porta do Fórum João Mendes, na Capital Paulista, pedindo licença a dois advogados que falavam a respeito.
Dizia um deles – embora sem jurar – que nos idos de 1963/64, o Governador Adhemar de Barros tinha negócios amorosos com uma senhora de codinome Dr. Ruy. O que hoje é por todos sabido.
Como soe acontecer em casos que tais, algum tempo depois, o segredo já não era mais segredo. E os deputados da bancada governista na Assembleia Legislativa estavam preocupadíssimos com a língua da Deputada Conceição da Costa Neves, excelente oradora (a quem assisti em Comício no Jardim Público, a favor de João Goulart, em 1960).
A Deputada, opositora do Governador, com sarcasmo e ironia, dia sim e no outro também, estava sempre a dizer, da tribuna, que o governador precisaria trabalhar mais, parando de consultar-se com Dr. Ruy.
Estavam os deputados adhemaristas preocupadíssimos que, da tribuna, o caso do Governador fosse revelado pela Deputada opositora.
Estes, aliados do Governador, reuniram-se (talvez uns dez ou doze) e decidiram ir a palácio falar com o chefe do executivo, e deles, a respeito do assunto que os preocupava.
Porém, deveriam decidir quem iria falar, ou melhor, quem iria colocar o guizo no gato. A escolha recaiu no que haveria de ser o mais chegado ao Governador, seu irmão Antoninho.
A delegação foi ao Palácio do Campos Elíseos, na Avenida Rio Branco, onde hoje deve ser um quartel da Polícia Militar. Lá, Antoninho, com todo jeito, explicou a situação ao irmão e Governador, a qual a todos preocupava.
Mas Adhemar, sempre objetivo beirando a falta de educação, não titubeou, e disse aos deputados: “Eu termino o caso. Mas vocês me fazem que Dr. Ruy me faz?”.
O advogado piadista não falou o que se deu depois do diálogo, nem se a Deputada detalhou no que consistiriam as mencionadas consultas com Dr. Ruy.
Este suposto relacionamento do Governador Adhemar é muito conhecido e comentado. Fala-se, inclusive, que na casa de parentes do Dr. Ruy, no Rio de Janeiro, é que se encontrava um cofre com “sobras de campanha”, que a guerrilha “confiscou”, numa operação em que ex-presidente teve alguma discretíssima participação.
Sobre a objetividade de Adhemar, conta-se que, nas solenidades em que era homenageado, quando o orador sacava do bolso do paletó o calhamaço de escritos laudatórios, ele, com a maior da sem cerimônia, tirava as folhas do orador, afirmando que iria lê-las em casa, com calma.
Para os mais novos, é importante lembrar que, entre os eleitores paulistas – também em Rio Claro – havia grande legião de fanáticos correligionários pessepistas (de P. S. P. – Partido Social Progressista).
Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO
Desembargador Aposentado (TJ/SP).
Advogado militante nesta Comarca.
e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br
www.oliveirapradoadvogados.com.br
Publicado em 13/07/2017, Jornal Cidade, Página 02.
Grande Dr. Irineu Prado, sempre fantástico!
Muito obrigado.