A ÉTICA TUPINIQUIM & A DO PRIMEIRO MUNDO.

Conquanto fácil de entender o que seja, ética é um tanto difícil de se definir. No dicionário Houaiss (1ª edição, 2009, Objetiva, página 897) temos, na acepção mais simples, como sendo: “conjunto de regras e preceitos de ordem valorativa e moral de um indivíduo, de um grupo social ou de uma sociedade.”.

Já para José Renato Nalini (“Ética Geral e Profissional” RT, 3ª edição, página 36), apoiando-se em Adolfo Sánchez Vasquez, “Ética é a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade.”.

O que me leva a tratar do assunto – nestes dias de tantos malfeitos – é a ética na política e do político. Não se tenha dúvidas que na política o homem público deve buscar o bem comum. Agindo sempre de forma reta e inquestionável. Proceder de forma diferente, não é apenas falta de ética, mas é principalmente, crime. E disto estamos cansados de ver em nosso sofrido país.

Preocupa-me, entretanto, não só a prática criminal que a imprensa divulga e que nossos Juízes e Tribunais confirmam, isto já na mais elevada falta de ética. Especialmente, ainda, quando os políticos se negam a admitir o malfeito criminal.

A primeira oportunidade que o tema me despertou interesse deu-se no distante ano de 1974, quando o primeiro ministro da então Alemanha Ocidental (Willy Brandt) renunciou ao seu cargo porque um dos seus assessores estava sob suspeita de praticar espionagem em favor da Alemanha Comunista.

Brandt, falecido em 1992, como se sabe, foi homem público de destacada atuação: Premio Nobel da Paz de 1971, Deputado por várias legislaturas na Alemanha e no Parlamento Europeu, e presidente do Partido Social-Democrata (SPD).

Vejam os leitores a forma ética que Brandt agiu: ele não era e nunca seria espião, e ninguém haveria de suspeitar dele. Mas a atividade criminosa e impatriótica de seu assessor levou-o a considerar-se não digno de ocupar o importante cargo, cujo mandato se estenderia por mais alguns anos.

Na mesma linha de comportamento, embora de forma extrema, temos o suicídio do político americano e ex-senador Budd Dweyr que, em janeiro/87 suicidou-se, com um tiro na boca, na frente das câmeras de TV, acusado de desvio de elevada importância do erário.

Também o Ministro Japonês da Agricultura, Toshikatsu Matsuoka, que suicidou-se por enforcamento, quando acusado de malversação de fundos públicos, em maio de 2007.

Os nossos políticos, com fortes suspeitas (ou certezas) de corrupção, respondendo inquéritos policiais, e até condenados (Lava-Jato, Mensalão, etc.), como se comportam?

Não se pejam em declarar que as supostas propinas foram doações legais, que nada devem à Justiça, que de nada sabem, etc.

É claro que não se espera que eles se suicidem, mas onde está a Ética de nossos homens públicos (muito mais pecadores públicos)? Não só porque, em tese, praticaram atos criminosos, mas por se fazerem de inocentes. Inocência que talvez nem eles nela acreditem.

Falta-lhe, é verdade, vergonha na cara. E o conhecimento daquilo que minha querida mãe sempre dizia: “o diabo ensina fazer, mas não ensina esconder.”.

Enfim, ligeira diferença, portanto, entre os políticos daqui e os de países do primeiro mundo.

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Agradeço ao leitor Edison Augusto Luciano que, a propósito do artigo “Getúlio Vargas & O Divórcio” (15/06/17), informou-me que o engenheiro carioca que primeiro me falou do Decreto Lei sobre Divórcio em favor do casamento de Alzirinha, trata-se do Dr. Rubens Foot Guimarães, que teria falecido em Rio Claro, no mês de agosto/2014. Foi cidadão prestante a quem nossa cidade, e o Serviço Florestal da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, devem muito.

 

Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO

Desembargador Aposentado (TJ/SP).

Advogado militante nesta Comarca.

e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 29/06/2017, Jornal Cidade, Página 02.

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6 Resultados

  1. William Marinho de Faria disse:

    Valeu, compadre. Foi muito ético ao tratar do tema.
    A nossa história registra o comportamento do Tiradentes. Será que ele foi ético ao perder a vida pela causa?

  2. Marcos Soares disse:

    Fantástico artigo. Parabéns Dr. Irineu.
    Realmente estamos carente de Ética em nossa política e em nosso País de um modo geral.

  3. Analu disse:

    Dr. Irineu de Oliveira Prado.
    A pessoa mais nobre que tive maravilhosa oportunidade de conhecer.

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