O ÔNIBUS QUE NÃO QUERIA PEGAR OU O ALUNO QUE NÃO QUERIA PEGAR O ÔNIBUS.]

Sempre que passo por Assistência, o que aconteceu ontem, vem-me a lembrança um fato ocorrido quando cursava a primeira série do Ginásio (e os mais antigos sabem que antigamente eram quatro anos de curso primário, quatro séries de ginásio, e depois três anos de colegial, que numa boa época, era chamado de científico, clássico ou normal, conforme  a formação buscada pelo aluno).

Isto deu-se  em 1.959, no primeiro semestre da 1a. série do Alem. Afirmo que era primeiro semestre porque o aluno que será o personagem desta estória, no que a minha memória registra, estava vestido com o então tradicional uniforme de garção que os alunos do Alem deviam usam: calça azul marinho, camisa branca, gravata preta e jaqueta branca. E, com certeza, no 2o. semestre daquele ano, adotou-se uma jaqueta que nós chamávamos de blusão, preto e vermelho, com o nome da escola (Organização Escolar Alem) escrito na frente.

Hão de se recordar do fato alguns dos colegas que me lembro estudarem na mesma classe, comigo e com o personagem: Nivaldo Antonio da Rocha (hoje alto funcionário da Prefeitura de Santa Gertrudes, e grande na política local), José Roberto Cortez Otalara (que atua em Contabilidade e administração de  Empresas, se não me engano, e que já naquela época empastava seu topete de brilhantina), e Abílio Rosário Cesar (que então morava em Ajapi, viajando de trenzinho da Paulista, e hoje é comerciante não sei de que em Rio Claro, e continua tão magrinho e elegante de corpo como na época). De outros não me lembro com certeza, mas talvez o Pedro Bertoletti (que  era de Analândia, companheiro de viagem do Abílio, e que foi policial rodoviário e vereador em sua cidade) estivesse na  mesma classe.

As aulas começavam às 12,00 horas, e a primeira daquele dia era de matemática, a cargo do já competentíssimo Professor Helmut Troppmair, então recém chegado da Alemanha, com sotaque muito mais acentuado do que hoje e, naturalmente, com alguma dificuldade para entender o português precário  de seus alunos.

A chamada já havia sido feita, e a aula deveria estar pela metade. Eis que chega à porta da sala de aula um aluno esbaforido (e vestido com o uniforme de garção), cujo nome não consigo me recordar, pedindo licença para entrar.

Naqueles tempos horário de início de aula era coisa séria. E o professor Helmut não iria permitir o ingresso atrasado de um aluno, sem explicações convincentes. Perguntado porque chegara com atraso, o aluno disse que o ônibus (na verdade uma jardineira), que vinha da Assistência, onde morava, não queria pegar. Evidentemente, estava querendo dizer que algum problema mecânico ou elétrico impedia que o motor do coletivo funcionasse, de sorte que saindo com atraso, chegou atrasado na Estação da Paulista (então nossa rodoviária, ou Ponto), de onde fora correndo para o Alem, que já era onde hoje se encontra (rua 6 com avenida 6).

Acontece que o português do querido professor entendeu que o aluno é que não quis vir de ônibus. Ou seja. Por mero diletantismo, quis vir a pé, chegando atrasado injustificadamente.

O aluno, auxiliado pelos  colegas de classe, gastou alguns minutos até que professor Helmut entendesse a situação, e permitisse sua entrada com atraso.

Sem dúvida, foi uma situação engraçada. O triste é que perdemos bons minutos de aula do já mencionado professor, sempre  proveitosa e de fácil entendimento, como todas as suas, apesar do sotaque.

(Ônibus da Assistência doc)

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