BRIGADEIRO & CONCURSO DE BELEZA

 

Estas duas estórias que, em verdade se confundem, eu ouvi pela primeira vez, do Prof. Mário Alem, de quem fui aluno no antigo Ginásio Alem. Dele eu as ouvi várias vezes pois embora o Prof. Mario fosse um grande contador de causos, da primeira à quarta série seu repertório se escasseava, e as estórias acabavam sendo repetidas. Ouvi-as de outras fontes, e as li em alguns repertórios de nosso folclore político.

Como o Professor Mário estudou no Rio de Janeiro, e era  (quiçá continue sendo) ferrenho udenista, tenho certeza que a sua versão é a melhor, especialmente muito bem contada, como só ele sabia e ainda sabe fazer.

Esse docinho de chocolate e leite condensado, também com creme de leite, recoberto de chocolate granulado todo mundo sabe chamar-se brigadeiro. Todavia, poucos sabem porque.

Mas o Prof. Mario Alem sabia, e nos contava. O Brigadeiro Eduardo Gomes, grande nome da política nos anos 50 e 60 (concorreu a presidência de república em 46 e 50), gostava muito de um doce de chocolate que tinha a mesma receita do acima referido, e era carinhosamente preparado por sua governanta (O Brigadeiro, além de prócer udenista, morreu celibatário). Era o “doce do brigadeiro”, que a imprensa até por falta de assunto divulgava como sendo de sua preferência, e que todos passaram a chamar de “Brigadeiro”,  presente até hoje em toda festa de aniversário ou casamento que se preze, ainda que nem todos saibam o porquê   do seu nome.

A outra estória também conta com o Brigadeiro Eduardo Gomes, como personagem principal. O Brigadeiro era solteiro e, segundo contam os mais antigos, ou as mais antigas com maiores detalhes, era muito bonito. E por tais qualidades, conquanto inferiores aos seus dotes culturais ou morais, contava com a preferência do eleitorado feminino. Aliás, este fenômeno parece ter-se repetido em nossa história política recente (vide Collor). É claro que o pessoal da UDN, partido do Brigadeiro até achava bom, já que voto a favor sempre  é bem vindo.

Porém os partidários do General Dutra, na eleição de 1946,  inconformados com as razões dos votos femininos, passaram a espalhar que eleição não era concurso de beleza, que a escolha deveria ter em consideração outros atributos do candidato.

Sendo Dutra mais feito que necessidade em tempo de crise, bem parecido com um exemplar de coruja, os partidários do Brigadeiro não deixaram por menos. Realmente, diziam, eleição não é concurso de beleza, mas também não é concurso de feiúra.

Mas qualquer que tenha sido o concurso, Dutra venceu as eleições em 1946, e o Brigadeiro ainda perdeu para Getúlio Vargas em 1950.

(02.01.05)

(brigadeiro & concurso de beleza) doc)

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