18 DO FORTE: CENTENÁRIO. HERÓI DE RIO CLARO PRESENTE.

Neste 5 de julho completam-se cem anos da ocorrência histórica que acabou sendo chamada de 18 do Forte, lembrança de heroísmo revolucionário, com participação de ilustre filho de Rio Claro, o Tenente Antônio de Siqueira Campos, aqui nascido em 18/05/1.898.

Registra a história que oficiais do Exército, tenentes e um ou outro Capitão, por volta de 1920, passaram a debater o ideal de ver a Pátria Brasileira democrática, com voto secreto, ensino público, proteção ao trabalhador, valorização dos militares, etc. Indiretamente visavam a deposição do presidente da República (Artur Bernardes).

Em 1922 deu-se a tentativa de revolução militar em prol de seus postulados. Na madrugada de 05 de julho de 1922 deflagrou-se o levante, na guarnição de Siqueira Campos, o poderoso Forte de Copacabana, hoje Museu do Exército, na praia carioca do mesmo nome. Foram feitos disparos em direção ao Palácio do Catete, e outros objetivos, com danos de pouca relevância.

Aconteceu que as demais guarnições militares do Rio de Janeiro renderam-se ou se omitiram. E só o Forte de Copacabana resistiu, muito bombardeado. Siqueira Campos ficou  no comando do Forte, dado que o Comandante efetivo (Capitão Euclydes Hermes da Fonseca) saíra para tentar rendição heroica. A um número indeterminado de revoltosos, foi facultado que se retirassem, pois  o local estava cercado de tropas legalistas.

Na tarde daquele  dia, Siqueira Campos e mais dezessete, cada qual com um pedaço da Pavilhão Nacional, deixaram o Forte, em ato heroico de enfrentar as balas dos soldados do governo, que cercavam o prédio.

Dos 18 heroicos, todos foram mortos, exceto Siqueira Campos e Eduardo Gomes que, como Brigadeiro, teve intensa participação na política. Ambos ficaram feridos, e hospitalizados.

Comenta-se que o Capitão Luiz Carlos Prestes só não participou do episódio revolucionário porque estava acamado, com tifo, sem força para levantar-se e colocar farda.

Siqueira Campos evadiu-se para não ser detido, prosseguindo em sua faina revolucionaria, inclusive apoiando o levante Paulista de 1924 que, derrotado pelas forças federais, teve seus revolucionários se juntado aos rebeldes vindos do Rio Grande do Sul, no Paraná, formando a chamada Coluna Prestes.

Sabe-se que o conhecido advogado rioclarense João Fina incorporou-se ao trem dos revolucionários, quando passava por Rio Claro em direção a Mato Grosso, via Companhia Paulista de Estradas de Ferro,  e Estrada de Ferro Noroeste do Brasil, após Bauru.

Luiz Carlos Prestes, juntamente com Miguel Costa, tendo Siqueira Campos em seu estado maior, comandou a chamada Coluna Invicta que, em movimento de guerrilha (1925/27), percorreu 25.000 quilômetros pelo interior do Brasil (do Sul ao Nordeste), divulgando as ideias tenentistas, sem nunca ser derrotada, e nem conquistando território.

A Coluna foi asilar-se na Bolívia, sendo que muitos ficaram por lá, alguns voltaram e foram anistiados. Menos Prestes e Siqueira Campos. Este veio a óbito no dia 10.05.30, quando voltava de Buenos Aires. Dando-se pane no avião, morreu nas águas do Rio da Prata.

Teria ido à Argentina para convencer Prestes a não aderir ao comunismo. Comenta-se, também, que seria portador de proposta de Getúlio Vargas para Prestes assumir o comando militar da revolução de 1.930, vitoriosa, como se sabe.

Na palavra do historiador J. R.  Santana “… é o rioclarense mais glorificado de todos os tempos”. Tem seu nome emprestado a espaços públicos em 15 Estados da Federação, sendo que há município com o seu nome no Paraná.

Aqui em Rio Claro, pelo Decreto número Um, de 29.10.1930, já com a revolução getulista vitoriosa, o interventor Benedito Pires Joly, designou Siqueira Campos à Praça da Estação.

A Câmara Municipal em junho/62 aprovou projeto de Lei do Vereador petebista,  Cesário Montezello (ferroviário do Horto Florestal), que deu origem à Lei 799/62, a qual determinou que se erigisse busto em homenagem ao herói, a ser exposto na Praça de seu nome.

Ocorre que o busto foi instalado na Praça XV de Novembro (Jardim Público), onde se encontra até hoje. Vereadores reclamaram na época, mas sem resultado. Houve, inclusive providências judiciais a respeito.

Em artigo publicado neste jornal, em 19 de maio último, nosso colaborador Irineu Carlos de Oliveira Prado lembrou que no próximo dia 05 de julho, ou seja hoje, dar-se-ia o centenário do evento em que o rioclarense foi içado à condição de herói, mas ainda não homenageado devidamente pela terra que o viu nascer. Ponderou que haveria tempo de se dar importância e devida homenagem ao nosso herói.

Oliveira Prado sugeriu que o busto, devidamente limpo e polido, fosse assentado na praça que leva seu nome (o que quase nada custaria à Prefeitura). Lembrou que não seria demais se seus restos mortais fossem removidos para Rio Claro, nem que a Câmara Municipal promovesse sessão solene lembrando a data centenária. Sem prejuízo de outros eventos laudatórios.

Para que não se alegasse ignorância, o referido colaborador enviou e-mail, encaminhando cópia de seu artigo, para o Prefeito e seu vice, a todos os vereadores, e à Secretária Municipal de Cultura.

Apenas o Vereador Val Demarchi acusou o recebimento da correspondência eletrônica, cumprimentando o articulista, e remetendo o link de sua página no face book de fevereiro/17, com sua publicação homenageando a memória do ilustre rioclarense.

É do herói rioclarense a expressão “À pátria tudo se deve dar sem nada exigir em troca, nem mesmo compreensão”, comumente lembrada no meio militar brasileiro.

Publicado em  05/07/2022,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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