LEMBRANÇAS DA ESCOLA ALEM

Não é com pouco orgulho que fui aluno do Alem, a conhecida Organização Escolar Alem que, com todas as dificuldades enfrentadas por empresas particulares e de família, encontra-se ativa há bem uns setenta anos. Ainda vou pedir para Célia Alem, diretora atual, para escrever a história da Escola, contando bem contado sobre sua fundação, professores, cursos e alunos.

Mas agora, informando que lá estudei desde 1.959, na primeira série do antigo Ginásio, após prestar exames de admissão. Antes disso, no final de 1.958, não fui bem sucedido no exame de admissão prestado no Joaquim Ribeiro, dizia meu pai, à época presidente do Diretório Municipal do P. T. B. (Partido Trabalhista Brasileiro), que razões políticas teriam-me levado à reprovação, porque eu fui cumprimentado, pelo bom desempenho,  nos exames orais,  e um dos examinadores indagou se eu era filho do político paroquial (cujo partido ainda guardava luto pela morte de Getúlio Vargas), e diretor do Sindicato dos Ferroviários. Pode ser que sim, pode ser que não, mas  dei-me muito bem no Alem.

Do primeiro ao quarto ano do então Ginasial ao terceiro do Curso Técnico em Contabilidade, findo em 1.965, só tive alegrias. Com o certificado de conclusão do Técnico, que era Colegial Comercial, é que me habilitei ao vestibular na Faculdade de Direito de Bauru.

Sete anos na mesma Escola trazem muitas recordações. Algumas posso contar aos prezados leitores, também para avivar a memória dos antigos colegas, espero.

QUADRADINHO. Fala-se hoje em cada um no seu quadrado. Mas no Alem, ali por 1.959/61, havia um quadradinho para castigo dos alunos indisciplinados ou esquecidos de suas tarefas. Era de alvenaria, talvez de metro e meio por igual medida, com um dos lados abertos para entrada do castigado, com parapeito à sua volta, bem à altura para o punido escrever as lições que ficou devendo, ou as que lhes eram impostas.

O quadradinho ficava à esquerda do atual portão da Escola, no que deveria ser antiga residência, com muro vazado, ao qual se ligava o quadradinho, à vista de quem passava, e sob os olhos do Professor Mário Alem, diretor da Escola, cuja mesa ficava bem defronte a varanda, onde estava o quadradinho. Naquele tempo tinha-se respeito danado (ou medo?) pelos professores e diretores; também vergonha de ser visto por todos que passavam pela avenida seis, os quais sabiam o que o aluno estava fazendo no quadradinho. Acrescido da gozação dos colegas. Eu nunca fui remetido ao quadradinho, demolido numa grande reforma, que transformou aquele antigo prédio residencial em salas de aula. Evidentemente, nos dias dia hoje estaríamos frente a assédio moral, justificador de processo crime ao professor e à direção da Escola.

DOZE CÉSARES. O professor Éros Chizzotti, que no ano passado foi convocado pela Divina Providência para lecionar na Mansão dos Justos, ensinou à classe, em aula de História (quiçá na 3ª. ou 4ª. série), em 1961 ou 1962, que seria fácil decorar-se os nomes dos doze Césares,  da antiga e poderosa Roma, na exata ordem em que reinaram, com o uso da expressão CESAUTICA CLANEGALO VIVESTIDO, contendo as primeiras letras de Cesar (Júlio Cesar), Augusto, Tibério, Calígula, Claudio, Nero, Galba, Oton, Vitélio, Vespasiano, Tito e Domiciano.

QUOD NATURA NON DEDIT, SALAMANCA NON SUPERBIT. Professor José Maria, em aula de latim, na mesma época da lição acima, ensinou-nos este anexim que se traduz como “O que a natureza não deu, nem Salamanca suprirá”. Sendo Salamanca uma das mais antigas e famosas universidades da Europa, o provérbio é auto explicativo.

Ainda voltarei ao assunto.

O Autor é advogado militante na 

Comarca de Rio Claro (OAB/SP 25.686) e

Desembargador Aposentado (TJ/SP).

E-MAIL: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 10/02/2023,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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2 Resultados

  1. Ester disse:

    Que bela memória a sua amigo, parabéns pelo texto.

  2. Sonia Aparecida Alem Marrach disse:

    Quantas memórias e histórias interessantes! Ótima idéia de pedir a Célia Alem uma história da escola, desde a sua fundação. Parabéns Dr.Irineu!

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