REVOLUÇÃO DE 32: VITORIOSA?!

Perto do feriado paulista de nove de julho, sinto-me tentado a escrever umas linhas, com viés um tanto divergente.

Meu Avô Paterno (que não conheci), era Getulista (admirador, correligionário, ativista e o que mais fosse, de Getúlio Vargas, Ditador entre 1.930 e 1.945). Tanto que em 1.932 foi preso pelos revolucionários de Ribeirão Bonito. SP. Por algumas semanas, até que tropas federais, libertaram-no e a outros companheiros de ideal, prendendo os seus encarceradores.

Já meu querido pai, também por razões políticas (era Vereador do P. T. B., partido de João Goulart, presidente deposto), em 1964, ficou preso por quinze dias, arbitrariamente.

Fiquei apreensivo se, passados outros 32 anos, se em 1.996 não seria eu o novo preso político da família. Sem golpe de estado e eu a quilômetros da política, tal não se deu.

Voltando a 1.932. De garoto, sempre ouvi de meu pai, e por natural influência do meu avô, e quiçá por outras informações incorretas, era-me passado que separatismo era objetivo principal revolucionário.

Na adolescência e mais tarde, com aulas de história e leituras, pude concluir que não era bem assim, embora haja quem sustente ser o ideal revolucionário não apenas constitucionalista. Ou seja, cobrar de Getúlio uma Constituição que, superiormente, estabelecesse os direitos e deveres, dos cidadãos e dos seus representantes.

De todo modo, em termos físicos e materiais, a revolução foi derrotada (as forças federais eram demasiadamente superiores). É claro que no sentido moral, o movimento Revolucionário Paulista foi vitorioso, já que Getúlio acabaria reconhecendo a necessidade do Brasil vir a ser Estado de Direito, o que só se deu realmente, após a deposição.

Entretanto –  vaticinando sobre fatos passados – como estaríamos se a Revolução fosse vencedora?

Quem pode garantir que o orgulho Paulista não iria proclamar São Paulo uma república independente? Afinal, já naquela época, São Paulo se destacava como produtor agrícola (quase o total do valioso café, exportado pelo Porto de Santos), indústria progredindo acentuadamente, imensa malha ferroviária operante, índice respeitável de alfabetização, etc. e em tantos quesitos que a locomotiva a tracionar os demais estados da federação já era – como hoje seria – integrante do primeiro mundo.

Este exercício de sonho (ou pesadelo antipatriótico, como muitos poderão conjecturar), leva-me a refletir como São Paulo está sub-representado na República: sua bancada federal é limitada a setenta deputados, permitindo que os de alguns Estados se elejam com dez por cento de votos dos paulistas.

Quando o Senado não está presidido por Senadores do Norte, a Câmara dos Deputados está. Ou ambos são brasileiros do Norte, e do Rio de Janeiro. O último presidente eleito, oriundo de São Paulo, é pernambucano. Michel Temer, eleito junto com candidata Mineira, não conta.

De um modo geral, os cargos federais do serviço público e das estatais (de livre provimento e nomeação) não são atribuídos – de regra – a paulistas. Ou seja, os paulistas são menos capazes, ou sua política é fraca e inábil, não refletindo a economia e a cultura da terra Bandeirante.

De qualquer forma, alguém duvida que S. Paulo independente seria hoje país de primeiro mundo, considerando que perto da metade do PIB e da arrecadação tributária nacionais é daqui? Isto sem considerar outros índices de comparação.

Peço perdão – como não poderia ser diferente – aos que divergem desta minha estimativa, próxima do absurdo, diante da realidade atual.

(O Autor é Desembargador Aposentado (TJ/SP) e

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.6.86).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

 

 Publicado em 11/07/2019, Jornal Cidade, Página 02.

 

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