EU & A INFORMÁTICA (IRINEU CARLOS DE OLIVEIRA PRADO)
Tenho que para os da minha idade (profissional e ou cronológica) o uso do computador para edição de texto, ao menos, e para acesso Internet, se não é um tormento como o é para mim, não é fácil e intuitivo como para os jovens, e os nossos filhos.
Conquanto possamos sentir saudades das heróicas Lexicon 80, Studio 45, Lettera 22 (da Olivetti), BJ (da Remington), e outras máquinas de escrever, inclusive das IBMs elétricas, com esferas de letras e fitas corretivas, aparelhos jurássicos para os mais novos, fomos forçados a aderir ao que de moderno e quase obrigatório representam os computadores para edição de texto.
Não me envergonho de dizer que o pouco que aprendi foi com grande dificuldade. Introduziu-me nessa modernidade o colega da 5a. Vara Cível de Santana, na capital, hoje Desembargador, Márcio Francklin Nogueira. Colega de inteligência e capacidade acima da média, pouco pode me ensinar no uso de um CP 500 que compramos para a Vara. Ele sabia muito, e eu nada, de sorte que primeiro ele ensinou a nossa escrevente de sala (muito mais jovem e mais acessível à modernidade), e depois aprendi alguma coisa por ela Usávamos um editor de texto chamado “Editerix”, desenvolvido por um colega recentemente falecido, Juiz Álvaro Érix de Carvalho.
Depois, recomendado pelo meu xará, e hoje também Desembargador, Irineu Antonio Pedrotti, grande jurista, magistrado de excelsas virtudes, e exímio entendedor de informática, adquiri um XT, com um editor de texto já fora de uso, chamado “Best Word”.
Foi nessa época que eu, sem aprender direito operar o tal XT, não me adaptava mais ao uso da máquina de escrever. Todavia, com muitas aulas do Eros Chizotti Jr., que era meu vizinho em S. Paulo (e curiosamente filho dos meus queridos professores do ginásio e colégio em Rio Claro, Eros e Elide), fui introduzido no uso do “Word” não sei quanto, sobre o antigo DOS. Sempre mau aluno, conseguia operar a máquina suficientemente para proferir meus despachos e sentenças. É claro que perdi muitos trabalhos já redigidos e não salvos, mas quem não perdeu ?
Por último, meu preclaro amigo, e hoje também cliente, Webster Luiz Bindilatti, e já em Rio Claro, fui apresentado ao “Windows” e ao “Word”. Agora com o uso do tal de “mouse”, que me representou um tormento adicional, porque eu não conseguia colocar o cursor nos locais desejados. Cheguei a pensar que era algum problema meu de coordenação motora, mas a paciência do professor Webster me convenceu do contrário. E hoje o ratinho não mais me desobedece.
De qualquer forma, devo confessar que uso o Computador, em casa ou no escritório, mais como máquina de escrever sofisticada, certo que os recursos de cortar, editar, aproveitar outro texto, importar arquivos, etc. são fantásticos para quem digitava tecla por tecla em máquinas de escrever manual.
Confesso também que para usos mais sofisticados, ao menos para mim (tabelas, Internet, receber e expedir E-mails, gravações em CDs, etc), sou uma negação. Acho que um pouco pela novidade e maravilha que tudo isso representa para a minha geração, e muito pela facilidade de contar com jovens ao meu lado (secretária, estagiárias e colegas advogados), que me socorrem, e executam estas tarifas. Olímpicas para mim, e corriqueiras para eles. Deus queira que para meu bem, e sorte de meus clientes, eles estejam sempre por perto de mim.
Por fim, o que me consola é que, com tantos recursos de informática, ainda o pensamento, os conhecimentos da língua portuguesa, e a inteligência, são indispensáveis. Graças a Deus, e aos meus queridos professores de português, os quais espero não envergonhar muito.
(O autor é Desembargador Aposentado do Tribunal de Justiça de S. Paulo, advogado militante, e Membro Efetivo da Comissão do Cooperativismo – OAB – Secção de S. Paulo. E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br).
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