ENCAMPAÇÃO & FIM DA PAULISTA

Muitos afirmam a causa do perecimento do transporte ferroviário no Brasil, com destaque especial para o de passageiros, ser decorrente do crescimento da indústria automobilística e à construção de rodovias.

Por evidente, respeito os que assim entendem. Porém, peço licença para discordar, naquilo que sei, e respeitante à gloriosa Companhia Paulista de Estradas de Ferro. Esta, sob a propriedade e administração do Estado de São Paulo, e como FEPASA – Ferrovias Paulistas S/A, desapareceu. Para lamento dos mais idosos paulistas e rio-clarenses, estes há mais de cem anos (desde 1.875) estavam acostumados com os apitos de suas locomotivas.

Por primeiro, é preciso ressaltar que a indústria automobilística iniciou-se na Europa e nos Estados Unidos, onde as melhores rodovias fazem-se presentes. E, nem por isto, o transporte ferroviário (tanto de cargas como de passageiros), já existente, lá se reduziu ou quase desapareceu como cá em terras brasileiras.

Estou convencido de que nossas ferrovias passaram a se definhar a partir de quando se tornaram estatais. O caso da Paulista é emblemático.

Em 1.961, os ferroviários, em greve, reivindicavam aumento salarial. A ferrovia afirmou ao Governo Estadual que só poderia atender ao pleito dos trabalhadores com o aumento das tarifas, ou mediante uma subvenção orçamentária, vinda do Palácio dos Campos Elísios.

Mas o Governador Carvalho Pinto não fez uma coisa, nem outra. Por sugestão do seu, à época, Assessor Militar, o ilustre Desembargador Menezes Gomes – que isto me confidenciou – desapropriou 51% das ações da Companhia, assim elegendo sua nova diretoria. De início com destacados e experientes administradores da expropriada.

Porém, logo após a posse da nova administração, autorizou o aumento de tarifas e até concedeu subvenção anteriormente negada. Triste é que, a partir de então, a Paulista esteve sob absoluta influência política na sua precária gestão: empreguismo dos protegidos, diretores que sequer haviam viajado de trem, nenhuma preocupação com resultados, déficits cobertos pelos cofres estaduais, etc.

Ademais, a indenização devida aos acionistas, e judicialmente apurada, formou o maior precatório devido pela Administração Estadual.

Com o passar dos anos, tão deficitária ficou a Fepasa, e ao Estado só restou a alternativa de entrega-la ao Governo Federal, como parte do pagamento da dívida paulista.

Hoje, a Rumo está explorando – com lucro, evidentemente – o transporte de cargas nos antigos leitos da Paulista e da Sorocabana, levando suas composições até o Porto de Santos. Não se obrigou a transportar passageiros.

A concessionária Rumo não tem grande consideração por Rio Claro, não estabelecendo horário para manobras pelo centro da Cidade, que muito importunam nosso trânsito. A merecer, sabe-se lá quando, a interferência do Prefeito Municipal. Também, a Rumo nada fez para ligar a linha que entra na Estação local, vinda de seu Pátio. De sorte que os vagões e locomotivas do Instituto Memória Ferroviária possam adentrar na antiga Gare, permitindo popular.

Agora resta-nos esperar pelo êxito da Campanha pela Volta dos Trens de Passageiros a Rio Claro, cuidada pela Ordem dos Advogados, e que o trem metropolitano chegue a esta Cidade Azul. Aspiração dos mais de vinte mil rio-clarenses que firmaram o abaixo assinado entregue ao Governador e a outras autoridades competentes.

Petróleo de Rio Claro. O Senhor Prefeito ainda não teve tempo e ou vontade de responder ao ofício que, por duas vezes, enviei-lhe, encaminhando o famoso livro de Pimentel Junior, e sugerindo provocar a Petrobrás para reiniciar estudos dobre a prospecção de petróleo na Assistência, que há muitos anos revelou-se não comercial, mas nos dias atuais pode bem ser viável.

Autor é advogado militante na

Comarca de Rio Claro (OAB/SP 25.686)

E-MAIL: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

 

Publicado em 24/02/2022,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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