MORO & POLÍTICA

A confirmar sua candidatura presidencial, fica claro que o ex-juiz Sérgio Moro, e agora ilustre jurista, é pouco razoável em seu comportamento.

Já tive oportunidade de comentar a infeliz saída de Moro da Magistratura Federal, para ser Ministro da Justiça do Capitão Presidente (ver artigos “Moro, ministro” – 15.11.2018, “Ministro Moro” – 17.06.19, e “Previsão Confirmada (Moro)” – 07.05.20).

Como todos, também achei que ele estava arriscando sua carreira com mais de vinte anos, para assumir cargo de confiança na política. Certamente sabia que tais cargos são absolutamente instáveis, dependendo do humor do chefe de governo, e o grau de subserviência do ministro.

E foi o que se deu. Contrariando o Capitão – por judiciosas razões — o ex-juiz foi defenestrado do ministério (na verdade defenestrou-se) e, por conseguinte, a promessa de sua indicação para o Supremo Tribunal Federal virou fumaça.

Estou certo de que Moro não teve maiores dificuldades profissionais, jurista de talento e homem de excelsos predicados. É o que se comenta de seu trabalho em multinacional.

Ao que se vê, Moro foi seduzido por políticos profissionais, para pré candidatar-se a Presidente da República. Parece que o ex-magistrado ainda está para entender que política não é para amadores. Ele pode ser muito bem intencionado, mas felizmente não é profissional nesta seara, em que homens de seu perfil (competente e honesto) são poucos, e não percorrem grande distância.

Nunca é demais lembrar o que Lula disse há anos – de forma escandalosamente divulgada pela grande imprensa – que o Congresso ou a Câmara Federal, abrigam mais de trezentos picaretas.

Ainda que — contrariando as pesquisas que não lhe são favoráveis – seja eleito, é com estes que deverá tratar. Salvo se, por obra da Providência, o próximo Congresso seja superiormente modificado, é muito provável que a generosidade do cofre cuja chave está pendurada no Palácio do Planalto, precise abrir suas portas, favorecendo os parlamentares, ainda que apenas por emendas, destinando fortunas para suas bases eleitorais.

Pelo que se comenta nos grandes veículos informativos, a gestão do “toma lá dá cá” é o que sensibiliza nossos representantes. É assim que o Presidente consegue maioria para seus projetos.

Se eleito (superadas as pesquisas atuais), Moro Presidente vai tratar com parlamentares não muito diferentes dos que hoje abrilhantam o Congresso Nacional.  A prever que homens honestos (e Moro é) não se prestam a tais acertos, terá dificuldades enormes, e quiçá insuperáveis, para presidir o país, sem maioria. Quase nunca obtida apenas por motivação ideológica e patriótica.

Tomara que eu (como todos de bom senso) esteja enganado, e que Moro ainda desista de ser candidato a presidente. Melhor servirá ao país e à Justiça, trabalhando como advogado. Ou, querendo ser político, que se candidate a Deputado Federal, cuja eleição não haverá de ser difícil.

 

O autor é

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 16/12/2021,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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