COMÉRCIO DE RIO CLARO

Tenho notado, e isto deve ter sido percebido pelos que me leem, como o comércio rioclarense tem-se modificado. Desde 1972, quando colaborei na fundação da semente do que seria o Sindicato dos Empregados no Comércio de Rio Claro, ou seja, a respectiva Associação Profissional, que era requisito da lei, antes da atual Constituição Federal.

Pode ser pela evolução dos tempos, pode ser por falha na administração, por custos elevados, ou por outras razões. Mas o certo é que as modificações não foram pequenas.

Vejam no ramo de eletrodomésticos. Não temos mais lojas locais. Todas são de redes nacionais. Casa Edison, A Nacional, Bazar Paulista, Loja Farani, Bernasconi, e outras que não me lembro, ficaram na saudade.

Também os supermercados, os maiores em especial, são de redes, sendo que vários, de empresas locais, já não existem mais.

Farmácias locais são em reduzido número. Todas as redes deste comércio têm estabelecimentos em nossa Cidade.

As Casas Pernambucanas não vendem mais tecido, como fazia antigamente.

O interessante é que era comum acrescentar-se ao prenome dos comerciários, o nome da loja. Comerciários trabalhavam anos e anos nos estabelecimentos locais. Diversos, até à aposentadoria. Hoje o trabalho do comerciário é emprego de passagem, salvo raras exceções. Estão comerciários até que surja algo melhor, ou até a conclusão de cursos que lhes permitam progresso profissional.

Na questão do nome, dou como exemplo o Dorival Bueno da Costa, hoje presidente do Sindicato dos Comerciários. Sempre foi chamado, e até hoje pelos mais antigos, de Dorival da Bernasconi. O que, com certeza, é motivo de orgulho.

Por outro lado, o Shopping também trouxe modificação na atividade comercial. As chamadas lojas ancoras, as maiores, são de redes, com sedes noutras cidades.

A Praça de Alimentação de nosso Shopping, que em nada difere dos demais, é toda de franquias, que as franqueadoras estão em todo o país. Em verdade, quem conhece a praça de alimentação de um shopping, não precisa ver outra. São todas iguais.

Certamente há outros casos que a minha memória não acuse. De todo modo, não se pode lastimar que as modificações tenham acontecido. Vivemos no capitalismo – até hoje – e espero que por muito tempo. Sem o lucro, nenhuma empresa tem como sobreviver e existir.

É evidente que não me refiro às estatais, que funcionam mesmo deficitárias. Consumindo dinheiro público, e oferecendo rendosos cargos, que os protegidos da política ocupam. Nenhum pelo critério do merecimento.

Mas o importante é que todas as empresas que hoje dominam o comércio local só podem ser bem vindas, na medida em que colocam suas mercadorias aos consumidores rioclarenses e, sobretudo propiciam empregos para os daqui, onde recolhem os impostos a que são obrigados.

Roberto Campos, emérito economista, que foi em certa época muito hostilizado, a respeito de multinacionais que se instalavam no país, tinha um entendimento, correto ao meu entender. Para ele pouco importava que a matriz da empresa ficasse no exterior, mas sim a localização da fábrica, onde admite empregados, e recolhe impostos.

Que me perdoem os comerciantes locais, mas a concorrência no regime capitalista existe. E os entendidos afirmam que isto é muito bom para os consumidores. Quiçá venham muitos outros estabelecimentos comerciais para nossa querida Cidade Azul. O que não haverá de desagradar ao novo Prefeito.

 O autor é Desembargador Aposentado (TJ/SP) e

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 25/02/2021,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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