TREM FORA DA ESTAÇÃO
Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO
Quem quer que – sendo morador de Rio Claro – nos bons tempos, tenha viajado de trem, e em trem da Paulista, só pode imaginar que a composição esteja estacionada na antiga Estação, que os mais antigos chamavam da gare. E era ali o local de embarque e desembarque de passageiros, de saudosa lembrança para os filhos da Cidade Azul.
E não é que notícia deste Jornal Cidade, dos dias 13 e 14 de dezembro, informa que “Trem iluminado passa por Rio Claro, com show de Derico”. Ou seja, composição, em locomotiva adesivada com o CP da extinta e sempre lembrada Companhia Paulista de Estradas de Ferro, e com decoração natalina, iria apenas passar por nossa cidade. Sim, realmente passou, sem entrar em nossa antiga e desativada Estação.
Fica difícil para quem, por dezenas de anos, embarcou em trens de passageiros na Estação da rua Um com avenida Um, saber que o trem apenas passou por Rio Claro.
Mesmo o espetáculo de Derico não inibe os riscos de passagem do trem pelas linhas da hoje Rumo, riscos que os avisos quanto à segurança são alertados. Não seria muito menos arriscado e mais bonito, evocando os bons tempos, se o tal trem natalino adentrasse na saudosa Estação?
Circulando pelas esplanadas da avenida Oito, e da rua Um B (frente para o Shopping), o espetáculo representou risco para os que se aproximaram do Trem do Natal, tanto que a imprensa divulgou cuidados a serem observados para os que fossem assistir à passagem da composição iluminada.
Imaginem os leitores o quanto seria mais bonito, até espetacular, se a composição adentrasse na velha e bem construída Estação, local sempre adequado para que os trens de passageiros fizessem parada. E porque não foi à Estação o festejado Trem de Natal?
Simplesmente porque a Rumo, por razões que não consegue explicar, não instalou um certo aparelho para movimentação de via (AMV), de sorte a permitir o desvio da linha utilizada pelas manobras da Rumo, para a antiga Reta, com linha perfeitamente instalada. Ou seja, só falta esta AMV, que a Rumo bem poderia deslocar de algum desvio sem uso, e instalasse na linha de entrada à nossa Estação.
Tenho que, com algum empenho maior do Instituto Memória Ferroviária de Rio Claro, e de nossa Prefeitura, a providencia acima apontada como faltante haverá de ser tomada, e no próximo Natal o trem entrará em nossa Estação.
De minha parte, nos contatos que tenho mantido com a Rumo, como presidente da Comissão pela Volta dos Trens de Passageiros a Rio Claro, da Ordem dos Advogados local, vou solicitar a instalação do :AMV, na torcida que para que neste ano de 2025, os rioclarenses possam assistir a passagem do Trem de Natal na antiga Estação, como respeito à população de Rio Claro, cuja tradição ferroviária tem muito mais do que cem anos.
A Comissão da OAB local, a que me referi acima, é responsável pelo Acordo de Cavalheiros que estabeleceu horários em que salvo situação excepcional não haveria manobras nas passagens das Avenida Oito, Avenida Sete e Avenida Treze, nos horários das 6:30 às 8:30, das 11:30 às 13:00 e das 17:30 às 19:00 horas.
Pessoalmente, entendo que o Acordo tem funcionado. Ninguém procurou a Comissão, nem outros participantes do acordo (Rumo, Secretarias Municipais de Mobilidade, e de Segurança), reclamando.
Mas, passado quase um ano (o acordo é de 15.03.24), a Comissão vai marcar Encontro, na Casa do Advogado e da Cidadania, para que o cumprimento do Acordo seja avaliado. Fará isto com antecedência.
Sendo este meu primeiro encontro com os leitores neste Ano Novo, apresento a todos meus votos de saúde e felicidades, e que o Senhor os abençoe e proteja.
O Autor é Advogado militante na
Comarca de Rio Claro (OAB/SP 25.686) e
Desembargador Aposentado (TJ/SP).

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