VARGAS & AGOSTO
Tive intenção de escrever sobre o assunto do título há bem uns dois meses, inclusive para marcar aniversário da morte, por suicídio (24.08.1954), de Getúlio Dornelles Vargas, muito admirado e até venerado pelos trabalhadores. De quem se dizia ser pai dos pobres. Verdade que, também, dizia-se mãe dos ricos.AAA replica watches UK
Dos pobres, principalmente, por ter sancionado a Consolidação das Leis do Trabalho, o decreto lei 5.452, de 1º. de maio de 1943. E dos ricos pelas facilidades na importação com e vantagens, generosidade no câmbio oficial, etc.Cheap Replica Watches
Estivesse vivo meu pai, que foi vereador, ferroviário e sindicalista, teria levado séria bronca pelo esquecimento. Getúlio deixou uma infinidade de admiradores, quase fanáticos, em especial entre as classes mais humildes, que lhe creditavam os direitos trabalhistas que passaram a gozar. best replica watches
Os ferroviários nas funções de guardas ou chefes de trem, como era o caso de Irineu Pai, deveriam trajar o que chamavam de “farda”, mas que era um blazer bordado com o logotipo da ferrovia (CP). Com camisa branca de colarinho, e gravata. Com a morte do velho caudilho, ele passou usar só gravata preta, como luto. Em serviço, na política e no Sindicato, por muitos anos.preplica panerai watches
Devo lembrar aos mais novos que, até por volta de 1965, mesmo em reuniões do Sindicato, os trabalhadores (inclusive de ferroviários, nas que pude ver), participavam vestidos de paletó, gravata e mesmo chapéu.
Aliás, esta singela habilidade de dar nó eu aprendi com meu pai, para a gravata que o uniforme do Alem exigiu até 1959. E esta habilidade tem-me servido para ajudar amigos em casamento, quando necessária a peça, sem que o noivo seja hábil na gravata.
Como se sabe, o gaúcho de São Borja deixou muitos admiradores. Seu velório e féretro reuniram multidão incalculável, às lágrimas. O Partido que fundou (P. T. B. – Partido Trabalhista brasileiro), foi depositário de suas convicções políticas, sendo João Goulart, Presidente da República deposto em 1964, tido como seu mais próximo e bem sucedido correligionário.
Crítica severa tem recebido Vargas, desde sempre, pela organização sindical que a CLT trouxe, permitindo que tais entidades, sejam de trabalhadores ou de patrões, criadas pela burocracia do Ministério do Trabalho, mais para apoio do governo, do que para a defesa de seus representados.
Ademais, a obrigatoriedade (agora não mais) do imposto sindical (hoje contribuição) teria tornado estas entidades acomodadas com a receita obrigatória, pouco fazendo para conquistar mais associados, e reivindicar em prol destes. Os sindicatos seriam fracos porque não objeto de conquista da classe, e sim pela generosidade de Vargas.
Segundo relata a história, o suicídio de Vargas seria decorrente de sua promessa, na crise política do momento, instaurada no mês e dias anteriores, que só sairia do Palácio do Catete (o presidencial) nunca pela força, mas morto.
E o suicídio bem serviu para neutralizar seus desafetos, tidos como os articuladores do golpe de 1964, diante da comoção social seguida ao óbito presidencial, de sorte e impedir o golpe em 1954.
Sempre estive apaixonado pela Carta Testamento de Vargas, conhecida logo depois do triste evento, a justificar sua decisão pela morte, e grande mostra de sua resistência em favor das classes humildes. E isto desde quando, por volta de 1962, quando eu datilografava a correspondência de meu pai, presidente do diretório Municipal do PTB, em papel timbrado contendo exertos da Carta.
A saudade me permite transcrever o final da carta: “E aos que pensam que me derrotaram respondo com minha vitória. Era escravo do povo e hoje me liberto para a vida eterna. Mas esse povo de quem fui escravo não mais será escravo de ninguém. Meu sacrifício ficará para sempre em sua alma e meu sangue será o preço de seu resgate. Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contra a espoliação do povo. Tenho lutado de peito aberto. O ódio, as infâmias, a calúnia não abateram meu ânimo. Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”
O Autor é Advogado militante na Comarca de Rio Claro (OAB/SP º25.686) e Desembargador Aposentado (TJ/SP).
E-MAIL: oliveiraprado@aasp.org.br
www.oliveirapradoadvogados.com.br
Publicado em 03/10/2024, Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.
Perfeito 👏👏👏