BETO (MARCIANO) FONSECA.

Estou-me referindo a Francisco Alberto Marciano da Fonseca, Magistrado de elevados predicamentos, que a 15 de março de 2.006 foi convocado pela Divina Providência, e deixou-nos para adentrar na Vida Eterna. Exercia, à época, as elevadas funções de Desembargador Substituto, afastando-se de seus amigos, colegas e familiares, com pouco mais de cinquenta anos.

Foi aprovado para ingresso na Magistratura Paulista, no mesmo concurso que eu e o também filho de Rio Claro, Theophilo Carlos Vessoni de Siqueira (este por adoção, e também já na eternidade), o 145º., com posse em 13/11/79.

Minha amizade com Beto tornou-se próxima a partir de nossa aprovação para o exame oral, última fase do concurso. Assistimos juntos os exames dos colegas que nos antecederam e estudamos juntos. Estudioso e inteligente, Beto foi o quinto colocado no certame. Por generosidade da Banca, fui o 15º. colocado, no total de 67 aprovados.

Trabalhamos juntos em Piracicaba, como Juízes substitutos, em 1.980. Beto foi promovido a Juiz Titular em Nuporanga, depois Araras e Piracicaba quando, mais uma vez, trabalhamos juntos no Fórum de Piracicaba. Eu, como titular da 4ª. Vara Cível, e Beto da Primeira (em 1.987). Posteriormente, sucedeu-me na 8ª. Vara Cível Regional de Santana, na Capital (1.994). Anos depois, foi removido para Desembargador Substituto, que todos chamavam e chamam de “pinguim”, jargão que ainda vou ter oportunidade de explicar.

A dedicação e a cultura jurídica de Beto (para os rio-clarenses seus amigos) e Marciano para os colegas da Magistratura, evidenciadas se mostram em suas sentenças, despachos e votos (no Tribunal). Todavia, o bom humor e a alegria de viver, se bem que insinuados em seus escritos da Magistratura, só se mostravam por inteiro no convívio dos amigos e colegas.

Em fins de julho de 1.980, após um mês em que os três substitutos da Circunscrição de Piracicaba, respondendo pela sede e pelas Comarcas de São Pedro e Santa Barbara D’Oeste, chegaram com a sensação de vitória ao fim do período. Afinal, conquanto noviços, o noviciado em nada atrapalhou o desempenho dos três. O outro colega, Luiz Beethoven Giffoni Ferreira, um pouco mais antigo do que nós, hoje pontifica na Seção de Direito Privado do Tribunal de Justiça, na capital.

Na oportunidade, eu sugeri que fossemos a um restaurante, jantar e tomar alguma bebida, comemorando o que tinha sido sucesso em nosso desempenho. Beethoven desde logo observou que não tomava álcool. Beto fez a mesma observação. Beethoven indagou se assim fazia por restrição médica, ao que Beto retorquiu que preferia tomar cerveja ou vinho. Jamais álcool puro. Rimos muito, como agora choramos pela falta do colega.

Doutra feita, colhendo o depoimento de uma testemunha em processo crime, esta lhe disse que a maconha apreendida pela polícia foi encontrada atrás do velocímetro do carro em que se achava o detido. Beto nos disse que só pensou. Mas é provável que tenha comentado com o depoente que, com tanta facilidade encontrou coisa muito bem escondida, que ele deveria ser contratado para encontrar ruído renitente de seu carro, que mecânico algum havia conseguido localizar.

O importante que Beto seja lembrado, como colega alegre e competente. Se merecimento tivermos, haveremos de encontrá-lo na Eternidade. Presente que Beto, mercê de suas qualidades, deverá fazer parte de alguma Turma Julgadora do Tribunal do Juízo Derradeiro.

Até lá. Com muitas saudades.

ABSORVENTES. E não é que o Capitão Presidente acaba de reconhecer por decreto de ontem, a obrigação do Estado Federal oferecer absorventes higiênicos às mulheres em vulnerabilidade.

Sobre isto, escrevemos em 01/12/2021 nesta folha (“Precariedade Menstrual”).

 

O autor é

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

 

Publicado em 10/03/2022,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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1 Resultado

  1. Ester disse:

    Excelente texto

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