RIO CLARO TEM PETRÓLEO.

Há um livro, que cheguei a ter em mãos, oferecido ao meu falecido pai, por volta de 1960, com dedicatória do autor Pimentel Junior (José Pires Pimentel de Oliveira Jr. -1904-1965), vereador na época, com carinho chamado de Zezé Pimentel. Sob o título “Temos Petróleo – O grito da Salvação Nacional”, e trazendo na capa, como se fossem subtítulos, as expressões “Sensacionais Revelações – Rio Claro tem Petróleo – O Livro mais revolucionário do Ano”.

Acabei não encontrando o original em minha pouco organizada biblioteca. Consegui cópias físicas do livro através de página eletrônica do Arquivo Histórico Municipal, no que contei com a valiosa colaboração de Gabrielly Ferraz de Souza, diligente Estagiária de meu Escritório. É que tenho certa e não pequena dificuldade de ler na tela, e por desejo de presentear alguns Pimentel, com quem conversei, e que sabem do livro, mas que não têm o exemplar. O livro vem datado de 1956.

Lembro-me bem que o mote “Rio Claro tem petróleo” – objeto de cívico batalhar de Zezé Pimentel – era por demais presente aos habitantes de Rio Claro. Inclusive trabalhadores da Petrobrás eram vistos circulando na cidade, com seus capacetes de alumínio. Acredito que algum deles deveria morar pelos lados da Cidade Nova, e eu cheguei ver diversos na carroceria de caminhonete (de regra de segurança não se cogitava) com logotipo da Petrobrás, e transitando pela Avenida 6 A, nas costas do DAAE, que era chamado de Caixa D’água.

O livro reproduz o empenho do grande rioclarense Zezé Pimentel, seja referindo-se a perfurações desenvolvidas na região e especialmente no Distrito de Assistência (onde a Petrobrás agilizou pesquisa), como cobrando de autoridades municipais e federais, que a monopolista do petróleo nacional viesse prospectar no Município, e que acabou acontecendo, no Distrito a que me referi acima.

Vêm-se no livro cópias de correspondências, e também fotos, com destaque ao Deputado Federal Ulisses Guimarães, quem teria convencido a petroleira em vir explorar o líquido precioso na Cidade Azul.

Mas a ufanista obra de história, civismo e geologia não esclarece porque a Petrobrás não prosseguiu com as perfurações. Sempre achei que o petróleo, supostamente encontrado em solo rioclarense, não compensava sua exploração. É que na época o barril de petróleo custava alguns centavos de dólar americano. Fosse hoje, quando chega a perto de cem dólares, possivelmente a exploração continuasse.

Só consegui falar com uma das filhas de Zezé, no Rio de Janeiro. Dois filhos já faleceram, e com uma outra filha não consegui. A professora Fábia Pimentel, muito atenciosa, lembrou-se da Campanha de seu falecido pai, e mandou-me algumas fotos. Não tem exemplar do livro, mas sua opinião coincide com a minha: o petróleo rioclarense, por qualidade ou quantidade, pelos preços da época, não interessou à Petrobrás.

Pela Professora Zuza Pimentel, mestra e orgulho de tantos rioclarenses, fiquei sabendo que Zezé Pimentel era atuante integralista, militante da doutrina de Plínio Salgado (Aliança Integralista Brasileira), e que por isto, no Estado Novo (por volta de 1940) foi punido com a perda de titularidade de seu Cartório de Registro Civil local.

Hoje haveria interesse da Petrobrás?  Será que não valeria a pena nosso Prefeito diligenciar junto à Petrobrás, para tornar realidade o sonho de Zezé Pimentel?

Por sim ou por não, vou mandar-lhe uma cópia do Livro, para que nosso Prefeito, em homenagem à memória do ilustre rio-clarense, que tem, na Cidade Azul muitos sobrinhos e outros parentes, faça o acima sugerido.

Quem sabe o líquido negro local fique mais barato do que o extraído em alto-mar? Tomara que Doutor Gustavo Perissinoto se interesse. Pensem os leitores na vultuosa arrecadação municipal com os royalties do petróleo extraído.

O autor é

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

 

Publicado em 21/10/2021,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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