PLINIO SALGADO & RIO CLARO

Dentre os grandes líderes políticos de nosso país, Plínio Salgado deve figurar na memória dos brasileiros e, em especial, dos rioclarenses. Trata-se de ativo e culto jornalista, fundador, em outubro de 1.933, da Aliança Integralista Brasileira (A.I.B., entidade — ou partido — que chegou a ter um milhão de correligionários.

Tinha por lema “Deus, Pátria e Família”. Visava constituir um Estado Integral, com todos os diferentes interesses da sociedade, enaltecendo a Pátria, valorizando a Família, e no absoluto caminho da religião cristã.

O integralismo (doutrina preconizada pela A.I.B.) tinha adeptos em todo o país, e foi o maior movimento político de Direita, até o sucesso eleitoral de Bolsonaro.

Seus filiados desfilavam uniformizados (camisas verdes), e acabaram sendo apelidados de galinhas verdes. Estes, em torno de 10.000, desfilaram uniformizados e em marcha, na Capital Paulista, em 1.933.

Em maio/38, sem a participação de Plínio Salgado, deu-se o atentado contra o presidente Getúlio Vargas, no Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, por próceres do integralismo, e fracassado.

Nesta época Plínio havia-se recolhido a São Paulo, onde ficava a sede da AIB, porque Getúlio, ainda ditador, havia conseguido lei suficiente para decretar o fim da entidade integralista, o que pôs termo à sua pretensão de candidatar-se à Presidência da República, matreiramente sugerida por Vargas. Até porque as eleições não se deram. Isto em dezembro/37.

Plínio era homem de grande cultura, embora sem formação universitária, além de grande orador. Bem possível que se se dedicasse ao trabalho em São Paulo (jornalismo), em idade acadêmica, porque era arrimo de família.

Plinio era culto bastante e carismático, o que se observa pelo gigantismo de sua A. I. B. Dizia-se que esta seria cópia do fascismo de Mussolini. É verdade que em 1.930 Plinio encontrou-se com o “Duce” em Roma, mas a doutrina fascista não prosperou entre nós, o que reputo ao fato de os integralistas estarem fora do poder, diferentemente do que ocorreu na Itália, com os adeptos do “fascio”.

O acervo de livros e escritos de Plinio Salgado estão em Rio Claro, no Arquivo Histórico (400 livros, 6.000 fotos, 580 exemplares de jornais, 40.000 cartas, etc.), de sorte a permitir a consulta por todos que tiverem interesse.

Grandes nomes da cultura e da política brasileira integraram as fileiras da Aliança: Miguel Reale, Câmara Cascudo, Dom Helder Câmara, José Lins do Rego, Vinicius de Moraes, Santiago Dantas e Gustavo Barroso, dentre outros.

Gestões de Doutor Luisinho Arruda, Juiz de Direito de nossa Comarca à época, levaram o Município de Rio Claro a assumir o acervo de Plínio Salgado, como também a homenageá-lo, conferindo seu honrado nome à Praça que fica entre as ruas 21 e 22 e Avenidas 21 e 23, Bairro do Estádio, atrás da necrópole municipal.

O logradouro foi assim nomeado por proposta do então vereador José Aldo Demarchi, e decreto do Prefeito Nevoeiro Junior, com inauguração em 24/07/77, com Placa alusiva, e Busto do homenageado, ambos desaparecidos. A Praça já esteve melhor conservada, e bem andaria a Prefeitura em pelo menos identificar o logradouro, figurando nome do homenageado em destaque.

Após seu retorno do exílio na Europa (entre 1.938 e 1.945), Plinio foi um dos fundadores do P. R. P. – Partido de Representação Popular, e eleito deputado federal por várias legislaturas (a partir de 1.965 pela Arena). Em 1.970 abandonou a política partidária, vindo a falecer em 08/12/1.975, na Capital Paulista. Nasceu em São Bento do Sapucaí, SP (22/01/1.895).

Autor advogado militante na Comarca de Rio Claro (OAB/SP 25.686).

E-MAIL: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

 

Publicado em 23/09/2021,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

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