HERÓI RIOCLARENSE.

Posso estar enganado. Para mim, a maioria dos rioclarenses não sabe que a Praça da Estação tem o nome de um herói rioclarense: Tenente Antônio Siqueira Campos.

Os tenentes, por volta de 1920, passaram a debater o ideal de ver a Pátria Brasileira democrática, com voto secreto, ensino público, proteção ao trabalhador, valorização dos militares, etc.

Em 1922 deu-se a tentativa de revolução militar em prol de seus postulados. Exatamente na madrugada de 05 de julho de 1922 deflagrou-se o levante.

Aconteceu que as demais guarnições militares do Rio de Janeiro renderam-se ou se omitiram. E só o Forte de Copacabana resistiu, muito bombardeado. Siqueira Campos e mais dezessete, cada qual com um pedaço da Pavilhão Nacional, deixaram o Forte, em ato heroico de enfrentar as balas dos soldados legalistas, que cercavam o prédio. Os demais foram mortos ou presos. Dos 18, todos foram mortos, exceto Siqueira Campos e Eduardo Gomes que, como Brigadeiro, teve intensa participação na política.

Siqueira Campos evadiu-se para não ser detido, prosseguindo em sua faina revolucionaria, inclusive apoiando o levante Paulista de 1924 que, derrotado pelas forças federais, teve seus revolucionários se juntado aos rebeldes vindos do Rio Grande do Sul, no Paraná, formando a chamada Coluna Prestes.

Luiz Carlos Prestes, juntamente com Miguel Costa, tendo Siqueira Campos em seu estado maior, comandou a chamada Coluna Invicta que, em movimento de guerrilha (1925/27), percorreu 25.000 quilômetros pelo interior do Brasil (do Sul ao Nordeste), divulgando as ideias tenentistas, sem nunca ser derrotada, e nem conquistando território.

A Coluna foi asilar-se na Bolívia, sendo que muitos ficaram por lá, alguns voltaram e foram anistiados. Menos Prestes e Siqueira Campos. Este veio a óbito no dia 10.05.30, quando voltava de Buenos Aires. Dando-se pane no avião, morreu nas águas do Rio da Prata.

Consta que teria ido à Argentina para convencer Prestes a não aderir ao comunismo. Comenta-se, também, que seria portador de proposta de Getúlio Vargas para assumir o comando militar da revolução de 1.930, vitoriosa, como se sabe.

Na palavra do historiador J. R.  Santana “… é o rioclarense mais glorificado de todos os tempos”, e tem seu nome emprestado a espaços públicos em 15 Estados da Federação, sendo que há município com o seu nome no Paraná.

Aqui em Rio Claro, pelo Decreto número Um, de 29.10.1930, já com a revolução getulista vitoriosa, o interventor Benedito Pires Joly, designou Siqueira Campos à Praça da Estação.

A Câmara Municipal em junho/62 aprovou projeto de Lei do Vereador Cesário Montezello (ferroviário do Horto Florestal), que deu origem à Lei 799/62, a qual determinou que se erigisse busto em homenagem ao herói, a ser exposto na Praça de seu nome.

Ocorre que o busto foi instalado na Praça XV de Novembro (Jardim Público), onde se encontra até hoje, maltratado pelos pombos desrespeitosos. Vereadores reclamaram na época, mas sem resultado.

No próximo dia 05 de julho teremos o centenário do evento em que o rioclarense foi içado à condição de herói, ainda não homenageado devidamente pela terra que o viu nascer (18/05/1898). A data está próxima, mas ainda há tempo de se dar importância e devida homenagem ao nosso herói.

Atrevo-me a sugerir que o busto, devidamente limpo e polido, seja assentado na praça que leva seu nome, o que quase nada custará à Prefeitura. Não seria demais que seus restos mortais fossem removidos para Rio Claro, nem que a Câmara Municipal promovesse sessão solene lembrando a data centenária. Sem prejuízo de outros eventos laudatórios.

O autor é

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

 

Publicado em 18/05/2022,  Jornal Cidade (Rio Claro/SP), Página 02.

 

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