SAUDOSOS COLEGAS

Neste ano os Magistrados Paulistas do 145º. Concurso de Ingresso, empossados em 13 de novembro de 1979, dentre os quais me incluo, comemoram 40 anos de sua investidura.

Este 145º. Concurso foi o último em que as mulheres estiveram excluídas. No Concurso seguinte, com a aprovação de três candidatas, findou-se a esquisita exclusividade masculina.

De Rio Claro, no Concurso em tela, três foram aprovados: Eu, Francisco Alberto Marciano da Fonseca, e Theophilo Carlos Vessoni de Siqueira. Os dois já convocados para, na eternidade, atuar em Turmas Julgadoras do Juízo Final.

Sendo nós três de Rio Claro, e aqui morando no início da carreira, como Juízes Substitutos (eu e Beto em Piracicaba e Theophilo em São Carlos), nossa amizade fortaleceu-se antes da aprovação, quando estudamos juntos, sedimentando-se após aprovação, posse e exercício.

Penso que, às vésperas de nosso Encontro de Confraternização (a 31 de agosto próximo), possa homenagear ambos, lembrando fatos que participei com cada um deles.

Ao final de janeiro/80, em que Eu, Beto e Beethoven (Luiz Beethoven Giffoni Ferreira) estávamos respondendo pelas Comarcas de Piracicaba, São Pedro e Santa Barbara D’Oeste durante as férias dos titulares. Trabalhamos de forma extraordinária, e em questões complexas, considerando o nosso noviciado (Beethoven era substituto uns meses mais antigo).

Nos últimos dias daquele janeiro, propus que fossemos jantar juntos, comemorando o final do período de substituição, trabalhoso e complexo.

Os dois concordaram com minha proposta. Beethoven adicionou que não iria tomar nada de álcool. Ao que Beto disse o mesmo. O colega quis saber por quê. E a resposta – com o humor que sempre marcou Beto – foi que preferia tomar cerveja ou vinho, jamais álcool. Demos boas risadas.

Em outubro de 1980, Eu e Theophilo fomos designados para auxiliar em Jundiaí. Para onde não havia linha direta de ônibus, e os trens (que ainda trafegavam) não apresentavam horários que nos servissem. Viajar com nossos carros ficaria muito caro.

Na ida, por volta das 12,30 horas, a Kombi do Fórum nos aguardava na Balança, que até hoje existe na Rodovia dos Bandeirantes, próximo da entrada de Jundiaí. Íamos no ônibus para S. Paulo, da Cidade Azul.

Na volta, a mesma Kombi nos deixava do lado oposto da Bandeirantes, sentido Rio Claro. Naquele dia, fins de 1980 ou inicio de 1981, o motorista não esperou que o ônibus da Cidade Azul nos apanhasse, e voltou para o Fórum. Ocorre que o ônibus veio pela Anhanguera, como ficamos sabendo depois.

Começando a escurecer, uma senhora, dirigindo um Chevette, carro recém lançado, ofereceu-nos carona. Eu achando que era conhecida de Theophilo e ele achando que era minha.

A senhora, muito loquaz, não parava de falar. Disse, entre outras coisas, que estava indo a São Carlos prestar prova na Faculdade de Direito. Com isto, tendo o colega trabalhado naquela Comarca, mais convencido fiquei que se tratava de conhecida sua.

Faladeira e muito apressada, a motorista foi multada por Policial Rodoviário, sem que os caronas, felizmente, fossem identificados. O fato é que a senhora do Chevette nos trouxe até a rodoviária de Rio Claro, que ficava no prédio da antiga Cirautovel.

Aqui, agradecemos, e só então demos conta que a ousada motorista era-nos desconhecida. Apenas foi gentil com dois jovens senhores, de paletó e gravata, com pasta na mão, à beira da Bandeirantes. O que nos foi de grande utilidade.

(O Autor é Desembargador Aposentado (TJ/SP) e

Advogado militante nesta Comarca (OAB/SP 25.686).

E-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

WWW.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 22/08/2019, Jornal Cidade, Página 02

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