COMANDANTE FIDEL

Sabe-se que políticos mudam muito de opinião. E quem fica no poder por cinquenta anos, como o citado, muda por demais.

E não só o discurso muda. Também as consequências para a população, de políticos que contrariam, ou que modificam as promessas e expectativas iniciais.

Ouvi, muito garoto, de um dirigente sindical comunista na origem, mas cassado por corrupção, que umas das grandes realizações do Comandante ao tomar o poder, foi a de acabar com a sina das filhas de trabalhadores, do destino quase obrigatório,­­­­­­­­­­­­ à prostituição, a partir de dançarinas de boates frequentadas por ricos americanos.

E não é que, dezenas de anos depois, belas cubanas, prestam-se a este tipo de atividade maldita, na parte destinada a turistas, para complementar suas miseráveis rendas como professoras e outras profissões universitárias. É o que se vê na Imprensa Brasileira.

Garoto, por volta de 1959/60, logo após a vitória da Revolução, assisti entrevista do Comandante Fidel, na televisão Tupi (ou seria Record) e li no “O Cruzeiro” e “Manchete” quando o Comandante afirmava que sendo seu exército e forças armadas em geral pequenas, não se justificaria o posto de General. Coronel seria o posto de oficial mais elevado.

Ocorre que hoje há muitos Generais Cubanos, e suas forças armadas são, com toda certeza, as maiores de toda a América Latina.

A vitória da Revolução Cubana teve aplausos de muitos, inclusive de não comunistas, porque no início Fidel não se declarava de ideologia vermelha. Certamente para agradar os Americanos, com quem não lhe convinha romper, logo após após assumir o poder.

E nesta linha, apregoava um governo democrático, com eleições livres. É claro que isto não aconteceu. Vale lembrar que o Comandante disse, várias vezes, ser desnecessária eleição para escolher do Chefe de Governo, dado que o eleito seria ele.

Não se pode dizer, que as dificuldades do Povo Cubano, notórias, pelo que se sabe dos reduzidos salários e carência no suprimento de bens de primeira necessidade, tenha sido apenas quebra de promessa.

Mas a verdade é que — ainda mais depois que a Rússia parou de subsidiar as receitas e despesas de Cuba — a situação do povo piorou, sensivelmente. Como se sabe, a Rússia fornecia mercadoria especialmente  petróleo, a preços reduzidos e comprava açúcar em valor acima do mercado.

O certo é que o povo vive mal. O que não acontece com os dirigentes. Liberdade de expressão inexiste, menos ainda o direito de escolher os altos dirigentes.

Será que os irmãos Castro, numa Democracia, estariam no poder por tanto tempo (A revolução foi vitoriosa em Dezembro de 1959), caso ousassem ser escolhidos pelo povo?

Com o centralismo estatal de tudo, com ênfase para a economia (embora se perceba alguma distenção) os imóveis, residenciais ou não, encontram-se em petição de miséria (exceto os que celebram o culto ao Socialismo).

Os carros que circulam na ILHA, mesmo os importados da Russia, estão todos caindo aos pedaços. E só circulam mercê da habilidade de seus proprietários e dos mecânicos cubanos.

Mesmo a Saúde Pública, que já foi motivo de orgulho nacional, está em franco delírio, valendo destacar a baixíssima remuneração dos médicos cubanos que vinham prestar serviços no Brasil.

Deus proteja o sofrido e heroico Povo Cubano. Talvez com o passamento de Raulzito Castro, haja possibilidade de melhora.

Irineu Carlos de OLIVEIRA PRADO

Desembargador Aposentado (TJ/SP).

Advogado militante nesta Comarca.

e-mail: oliveiraprado@aasp.org.br

www.oliveirapradoadvogados.com.br

Publicado em 08/03/2018, Jornal Cidade, Página 02.

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